Jardim Botânico da UFRRJ influencia a temperatura do câmpus de Seropédica

Pesquisa do Proverde comprova que áreas mais arborizadas do câmpus têm temperaturas mais baixas

A estudante de geografia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Gabriele Mack, de 19 anos, realizou, em 2023, um projeto de mapeamento da Temperatura da Superfície Continental (TSC) no Jardim Botânico da Universidade. O objetivo era comparar o padrão de temperaturas do Jardim Botânico com outras áreas do câmpus, para entender se o espaço tem um papel de destaque ou não. A pesquisa foi apoiada pelo Programa Interno de Bolsas de Iniciação Científica do Jardim Botânico da UFRRJ (Proverde) e teve a orientação do professor Andrews Lucena, docente do Instituto de Geociências da UFRRJ, especialista em climatologia.

Analisando os resultados do trabalho, Gabriele observou que, nos anos de 2001 a 2020, a Temperatura da Superfície Continental (TSC)  sofreu um aumento de 3,97°C. Ela destaca, ainda, que a temperatura oscilou, e que a mais alta foi em 2017, com 33,57°C. “Notamos que os espaços mais arborizados apresentaram as temperaturas médias mais baixas, enquanto áreas mais densamente construídas, como o Pavilhão Central (P1) e o PAT, registraram médias mais elevadas”, explicou a pesquisadora. “Ao comparar com o P1, que fica localizado à frente do Jardim Botânico, o ano de maior destaque foi 2001, quando o P1 teve uma TSC média de 26,17°C e o Jardim Botânico apresentou 23,96°C, indicando uma alteração no microclima do câmpus”, completou.

       Os gráficos abaixo apresentam a média de Temperatura da Superfície Continental das áreas estudadas. Ao acessar a legenda, é possível notar a grande diferença de temperatura não só ao analisar o município de Seropédica, mas dentro do câmpus. No segundo mapa, a área referente ao Jardim Botânico está destacada de vermelho.

Temperatura da Superfície Continental (TSC) de Seropédica no ano de 2020  
Foto: arquivo/ projeto de mapeamento da TSC do JB-UFRRJ
Temperatura da Superfície Continental (TSC) do câmpus da UFRRJ no ano de 2020
Foto: arquivo/ projeto de mapeamento da TSC do JB-UFRRJ

Essa diferença térmica acontece porque a vegetação influencia na temperatura, umidade e evaporação da região. Por conta da sombra que proporciona, ela diminui a incidência direta da radiação solar sobre o solo, ajudando a manter as superfícies mais frescas. Além disso, influencia na evapotranspiração das plantas e fornece umidade para a atmosfera, favorecendo, assim, a prevalência de um clima úmido na região.

A pesquisadora explica mais sobre a interação entre os diferentes espaços. Ela diz que, se o câmpus universitário possui uma grande extensão de asfaltos ou edifícios que absorvem calor, isso pode aumentar a temperatura do local. “Como resultado, o calor gerado nessas áreas pode se dissipar para o Jardim Botânico, elevando a temperatura do ambiente. No entanto, se o câmpus é bem arborizado e possui áreas verdes, irá colaborar para reduzir a temperatura local”, afirmou. Vale lembrar que o câmpus de uma universidade vai além dos prédios e salas de aula, mas se trata de toda a extensão territorial da instituição, incluindo toda a sua área verde. Na UFRRJ, há áreas com poucas árvores, especialmente próximo aos prédios, ao mesmo tempo em que tem lugares com plantas em abundância.

Num período em que o Rio de Janeiro tem batido recordes de temperatura, e tendo a Baixada Fluminense como uma das zonas que mais sofrem com o calor excessivo, os resultados da pesquisa trazem a reflexão sobre a relação entre ambiente e sociedade. A estudante declara que o projeto a ajudou a entender como a temperatura varia nos lugares, possibilitando identificar locais com maior ou menor conforto térmico.

Gabriele ressalta que preservar os espaços verdes existentes é crucial para promover a qualidade de vida das comunidades. “Pode influenciar diretamente o bem-estar das pessoas, especialmente durante períodos de calor intenso. Isso ajuda a minimizar desconfortos como o estresse térmico e a exaustão pelo calor, que têm se tornado parte da vida do ruralino nos últimos dias, com a carência de espaços mais arborizados em algumas áreas do câmpus. É o caso de espaços como a ciclovia ou até mesmo o caminho para o Instituto de Geociências, que não é nada arborizado e causa muito desconforto térmico nos estudantes”, declarou.

A pesquisa foi um sucesso, e o projeto não vai parar por aí. Gabriele já planeja os próximos passos. “A inclusão de um mapeamento da cobertura do solo ampliaria nossa compreensão dos fatores que influenciam o microclima local, e é uma ideia que temos para projetos futuros”, conta a estudante.

Por Manuella Gimenez, estagiária de jornalismo, sob a supervisão da professora Alessandra de Carvalho.

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